Guia para amamentar: horário, pega correta, alimentação e muito mais!

enfermeira

Neste artigo, a Enfermeira Carina Palma, Especialista em Saúde Materna e Obstétrica, irá orientar, esclarecer algumas questões e dar algumas dicas sobre como amamentar da melhor maneira.

Como sei que estou a amamentar corretamente?

A amamentação harmoniosa funciona em equipa: a mãe deve sentir-se confortável e serena, para que a produção das hormonas ocitocina e prolactina funcione de forma eficaz, o bebé deve estar numa posição correta e igualmente confortável e o parceiro/a (ou pessoa significativa) deve apoiar e ajudar no que for preciso, para criar leveza ao momento.

A forma como o bebé pega na mama é fundamental para uma boa produção de leite e para o sucesso da amamentação. É importante ainda desmistificar que a forma e o tamanho da mama não estão relacionados com o sucesso da amamentação.
No primeiro mês de vida, o bebé deve mamar pelo menos 8-10 vezes em 24 horas, de forma eficaz, independentemente do intervalo entre refeições (amamentação em livre demanda). O tempo que permanece em cada mama depende do grau de satisfação do bebé e de como a mãe sente a mama. Em caso de dor, é necessário verificar se a pega está correta ou se existem outras condicionantes.

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Sinais de bom posicionamento:

  • A mãe pode adotar várias posições, mas o mais importante é sentir-se confortável: costas apoiadas; pés apoiados (caso esteja sentada); apoio das mamas se necessário, por exemplo com a mão que está livre ou com almofada; a mão que segura a mama deve ser colocada em “C” e não em pinça.
  • Independentemente da posição, deve considerar-se em relação ao bebé: o corpo alinhado: orelha, ombro e anca do bebé devem formar uma linha reta e a face anterior do corpo virada e próxima ao corpo da mãe (barriga com barriga), para que não seja necessária a rotação do pescoço do bebé e para que este seja levado à mama e não o contrário; o recém-nascido deve ter todo o corpo apoiado e o bebé mais crescido deve ter pelo menos a cabeça e ombros apoiados; na aproximação à mama, facilita se o bebé vier de baixo para cima, com a face de frente para a mama e o nariz ao nível do mamilo (para que o mamilo toque no palato superior e estimule o reflexo de busca e posteriormente sucção).
posição de amamentação
Exemplos de posições confortáveis

Sinais de boa pega:

  • Boca bem aberta;
  • Bochechas arredondadas;
  • Lábio inferior virado para fora;
  • Mais aréola visível acima da boca do bebé do que abaixo;
  • Queixo encostado à mama e nariz afastado.
amamentar de forma correta
Pega correta / Pega incorreta

Passos para uma boa pega:

passos para uma boa amamentação
Passos para uma boa pega

O meu bebé está a ter uma sucção eficaz?

Está a ter uma sucção eficaz se:

  • Sucções lentas e profundas, com pausas
  • Bochechas cheias e ouve-se o som da deglutição
  • O bebé mama calmamente
  • Termina a mamada e o bebé parece satisfeito
  • A mãe não sente dor
  • A mãe sente que a mama está menos cheia depois da mamada do que antes da mamada

Não está a ter uma sução eficaz se:

  • Sucção rápida e superficial
  • Bochechas vazias
  • O bebé está inquieto e solta a mama frequentemente
  • O bebé mama com frequência e não parece satisfeito
  • A mãe sente dor
  • A mãe sente as mamas semelhantes, antes e depois do bebé mamar

O meu leite é suficiente para amamentar?

Primeiro do que tudo: nenhum leite materno é fraco!
Quase todas as mães podem produzir mais leite do que o bebé necessita. Alguns bebés podem não estar a receber todo o leite materno que precisam por sucção Ineficaz e produção de leite insuficiente. Mas estas são causas são possíveis de melhorar.

Sinais POSSÍVEIS de que o bebé pode não estar a receber leite suficiente:

  • Não fica satisfeito após as mamadas;
  • Chora muito;
  • Mama muitas vezes e com mamadas muito longas;
  • Apresenta fezes duras e secas;
  • Recusa-se a mamar;
  • O leite não sai quando a mãe faz a expressão;
  • As mamas não aumentaram durante a gravidez;
  • O leite não “desceu” depois do parto.

Sinais CERTOS de que o bebé pode não estar a receber leite suficiente:

  • Ganho de peso insuficiente: (o bebé perde mais de 10% do peso ao nascer; e/ou o peso após as 2 semanas de vida é inferior ao peso ao nascer);
  • Urina concentrada e em pequena quantidade (menos de 6 vezes por dia, amarela concentrada e com cheiro intenso).
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Razões que indicam que o bebé pode não estar a obter leite materno suficiente:

  • Fatores relacionados com a amamentação: Início tardio; horários rígidos; mamadas pouco frequentes (noite); má pega; outros alimentos; introdução de tetinas e chupetas
  • Fatores psicológicos da mãe: Falta de confiança; preocupação; stress; cansaço; afastamento do bebé; desagrado e insatisfação com a amamentação

Portanto, é importante que verifique todos estes fatores:

  • Estou a ter um bom posicionamento?
  • A pega está correta?
  • Como me sinto psicologicamente? E fisicamente?
  • Isto está a ser prazeroso para mim?
  • O meu bebé perdeu muito peso e não recupera?
  • O meu bebé está a urinar com frequência após as mamadas? De que cor é a urina?

Caso identifique fatores de “leite insuficiente”, não se culpe, está a fazer o melhor que pode e sabe.
Se quer mesmo continuar a amamentar, procure um profissional de saúde que a possa ajudar na área da amamentação. Não está sozinha!

Que alimentos devo evitar durante a amamentação?

Esta é uma das perguntas mais frequentes e que mais preocupa as recentes mães que estão a amamentar. Na verdade, não existe uma resposta correta, pois cada cultura é diferente, assim como cada bebé vai reagir a certos alimentos de forma diferente.

Existem de facto alimentos que concedem determinados sabores ao leite materno, mas não existem alimentos proibidos na amamentação. O que pode causar transtornos ao bebé durante a fase de amamentação (como gases, irritabilidade ou insónia) varia.

Como em tudo na vida, deve haver um equilíbrio! Portanto, alimente-se de forma saudável e hidrate-se ao longo do dia, ingerindo no mínimo 1,5l de água.

Então, não existem alimentos proibidos, existe sim uma observação diária sobre o comportamento e reação do bebé face aos alimentos que a mãe ingeriu. E consoante a reação do bebé, sabe o que pode comer em menor quantidade, ou não deve comer de todo.
Por exemplo, se ao beber café o bebé fica muito agitado, pode por exemplo optar por beber apenas 1 café por dia, após a mamada (se realmente for importante para si beber café). O mesmo com um copo de vinho ou uma cerveja, e até mesmo com alimentos que provocam gases, como as leguminosas, brócolos, couves. Faça escolhas conscientes e com moderação, optando sempre por reduzir as quantidades e escolher comer após já ter dado de mamar.

A amamentação deve ser um momento harmonioso. O período pós-parto é um momento de renascimento, com muitas dúvidas e conquistas diárias, por isso é importante descomplicar e tornar o processo mais fácil.

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<< Sugerimos que leia também o artigo sobre Alimentação na gravidez: dicas por trimestre >>

Em que casos não posso amamentar?

Amamentar é um ato de amor, e deve ser um momento de prazer tanto para a mãe, como para o bebé. Então, deve ser uma escolha consciente da mulher.

Já sabemos que o leite materno é o alimento mais completo e com os melhores benefícios para o bebé (e ajuda também na recuperação pós-parto da mulher), contudo existem situações em que não é possível amamentar o bebé, situações estas temporárias e definitivas.

As situações temporárias de pausa na amamentação (até essas mesmas situações estarem resolvidas) são, por exemplo, algumas doenças infeciosas como a varicela, herpes com lesões mamárias, tuberculose não tratada ou ainda quando há a necessidade de efetuar uma medicação imprescindível. Durante este período de tempo, os bebés devem ser alimentados com leite artificial por copo ou colher (ou leite materno que já estava guardado no congelador previamente), e a produção de leite materno deverá ser estimulada.

Nota: no site E-lactancia é possível verificar o grau de risco de certos medicamentos.

Já as contraindicações definitivas do aleitamento materno não são muito frequentes, mas existem:

  • Doenças graves, crónicas ou debilitantes;
  • Infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH);
  • Necessidade de tomar medicamentos que são nocivos para os bebés e, ainda, bebés com doenças metabólicas raras como a fenilcetonúria e a galactosemia.

Referências:

  1. Boas Práticas em Aleitamento Materno – Guia de apoio a profissionais de saúde; APMGF; outubro 2019
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Carina Palma Autor
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica

Enfermeira e terapeuta

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FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica

Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa de Lisboa

Outros cursos - especializações de interesse:

Curso de Terapia do renascimento por Leonard Orr

Curso de Yoga para Grávidas e bebés

Curso de meditação e mindfulness para crianças

Especialização avançada em Terapia para casais - modelo de vinculação

Formação em PNL (Programação Neurolinguística)

CAP - Curso de Aptidão Profissional

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

Trabalho independente.

PARTICIPAÇÕES

Sócia da APEO (Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras)

Participação como preletora no 9º Seminário da ESSCVP com o tema: Estratégias de empoderamento feminino promotoras de autoconhecimento

Participação como oradora no In4med: XI Congresso médico científico, no tema de discussão: Violência Obstétrica

Parceria com as empresas: hipleasure; nuped nutrition; dreamy fun

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