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Neste artigo, o Dr. João Alves, Ginecologista e Obstetra, explica o significado de menopausa precoce e os sintomas que estão associados.
O que é a menopausa precoce?
A falta de período menstrual (amenorreia) durante 12 meses consecutivos numa mulher com menos de 40 anos, cariotipo normal e sem causa patológica ou fisiológica conhecida para a falta de período.
Excluem-se obviamente os casos associados a, por exemplo, uma pílula ou um sistema intra uterino que cause a falta de menstruação. Está associada a níveis de estrogénios baixos e níveis de FSH altos.
Sinais e sintomas da menopausa precoce
Sintomas típicos da menopausa na idade habitual (51 anos) como afrontamentos, secura vaginal, perda de massa óssea e osteoporose, aumento da doenças cardiovasculares e mesmo da mortalidade cardiovascular. A queixa mais típica é realmente os calores ou afrontamentos que se caracterizam pela sensação de calor atípico e súbito e incomodativo sem motivo aparente. A secura vaginal pode dar queixas de irritação vulvar e mesmo da bexiga. A osteoporose está associada a fraturas ósseas que afetam a qualidade de vida significativamente. Para além disso as alterações da saúde psicológica (tipicamente irritabilidade exacerbada) e da vida sexual (muitas com queixas de diminuição da líbido ou apetite sexual) são relevantes.
Como é a pré-menopausa precoce?
A falta de período antes dos 40 anos associada a afrontamentos deve fazer pensar que se possa eventualmente tratar de menopausa precoce.
Devem ser estudadas alterações da função tiroideia e da prolactina para excluir outras causas da amenorreia. Devem também ser excluídas alterações cromossómicas associadas ao cromosoma X como o Síndrome de Turner ou o Síndrome de X frágil. Para além disso, existem causas associadas a doenças autoimunes como insuficiência suprarrenal autoimune.
Posso ter a menopausa aos 35 anos?
Sim, embora seja mais raro felizmente. Incidência estimada de 1 em cada 250 mulheres. Aos 40 anos serão 1 em cada 100 mulheres.
Qual o tratamento da menopausa precoce?
O tratamento passa por medicação com reposição de estrogénios e, nas mulheres que mantêm útero proteção com progestagénio. Os estrogénios dados às mulheres com útero aumentam o risco de cancro do endometrio, daí essas mulheres fazerem o progestativo que vai controlar esse risco de cancro do endometrio.
Nas mulheres que tenham a preocupação específica de não engravidar podem manter um contracetivo oral combinado (que tem estrogénio e progesterona) porque a apesar da menopausa precoce a gravidez espontânea pode acontecer. Há também os estrogénios local vaginais que corrigem a secura vaginal e melhoram a função vulvar e urinária.
Finalmente algumas doentes têm contraindicação para terapia hormonal e no caso dos calores muito incomodativos podem fazer medicação antidepressiva como com a venlafaxina que ajuda e apoia este subgrupo de mulheres.
Posso engravidar se tenho menopausa precoce?
Sim, é possível, mas raro de forma espontânea. A maior parte das mulheres com menopausa precoce que queiram engravidar deverão procurar apoio junto de especialista de fertilidade. Esse especialista poderá aconselhar uma eventual fertilização in utero com óvulos de dadora que é uma das hipóteses mais consistentes (maior probabilidade de sucesso) de conseguir uma gravidez numa mulher com menopausa por insuficiência ovárica.
A menopausa precoce é hereditária?
Em alguns casos específicos é possível como na síndrome do X frágil que é uma alteração do material genético associada a menopausa precoce e é hereditária.
É possível emagrecer na menopausa precoce?
Sim, desde que faça dieta e exercício físico. A reposição hormonal também pode ajudar porque aumenta o bem-estar geral. Ao entrar na menopausa o metabolismo modifica-se e torna-se mais difícil o controlo
de peso. Essa preocupação é importante não apenas pela parte estética e autoestima mas também para reduzir o risco cardiovascular também associado à obesidade. Por outro lado, as mulheres excessivamente magras têm maior risco de osteoporose. Nunca é demais valorizar a vida ativa com exercício que ajuda a manter o peso e diminui a perda de massa óssea.
Aproveite e assista a este vídeo com a Psicóloga Joana Meira: