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Neste artigo, a psicóloga Joana Meira, explica o que é a compulsão alimentar assim como os sintomas e os tratamento que deve seguir para tratar este transtorno alimentar.
O que é a compulsão alimentar?
A compulsão alimentar é um transtorno alimentar onde consiste na ingestão num período de duas horas, de uma grande quantidade de alimentos.
Num episódio de compulsão alimentar a pessoa come os alimentos a uma velocidade superior ao recomendado até se sentir “desconfortavelmente cheia” (APA, 2014, p.350), não estando fisicamente com fome.
Representa para a pessoa uma sensação de falta de controlo no ato de comer, sendo experienciado pela pessoa após estes episódios sentimentos como a culpa e vergonha.
É possível que a pessoa que sofra de compulsão alimentar tenha outras alterações psicológicas como, ansiedade, depressão e bulimia.
Além disso, devido à alimentação descontrolada e pouco saudável, é comum também que existam outros problemas de saúde como problemas respiratórios, deficiências nutricionais, alterações cardiovasculares e diabetes, por exemplo.
Causas e sintomas da compulsão alimentar
As causas:
Dietas restritivas
Comer como conforto emocional
Stress e ansiedade
Baixa autoestima
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Sintomas mais comuns:
- Comer mais rápido que o normal
- Sentimento que não tem controlo
- Come sem sentir fome e nunca se sente saciado
- Ingerir compulsivamente qualquer alimento, mesmo não sendo de seu agrado (por exemplo: como arroz cru, um pote de manteiga, feijão gelado com queijo e etc)
- Comer sozinho ou em segredo por vergonha da quantidade de comida que está sendo ingerida
- Sentimento de nojo, culpa e vergonha após os episódios de compulsão
- Evitar situações sociais, especialmente aquelas envolvendo alimentos
- Sentimentos de baixa autoestima e infelicidade sobre seu peso e formato de Corpo
O que fazer quando se tem fome emocional?
Para um diagnóstico deste transtorno pode consultar:
- Clínico geral
- Psiquiatra
- Psicólogo
- Endocrinologista
- Nutrólogo
- Nutricionista
Não existe um teste que permita avaliar se a pessoa sofre de compulsão alimentar, o diagnóstico baseia-se nos relatos do paciente acerca da sua saúde mental e física.
No entanto, existem escalas de avaliação que podem ser aplicadas em consulta de psicologia para orientação de tratamento realizadas pelo psicólogo.
Tratamentos para a compulsão alimentar e a fome emocional, tem cura?
A compulsão alimentar tem cura, especialmente quando identificada e tratada juntamente logo no início e sempre com apoio de um psicólogo e orientação nutricional.
Isso porque com o psicólogo é possível identificar a razão que desencadeou a compulsão e, assim diminuir os sintomas e garantir melhora na qualidade de vida e bem-estar da pessoa. Pode pedir-se ao paciente que anote como se sentia quando comia demais, e assim, quando a pessoa consegue identificar o que está a causar essa necessidade, consciencializa a real da sua necessidade e pode aprender a controlar esse comportamento. Em conjunto ajudar o paciente a encontrar outras atividades prazerosas.
Passos para esse tratamento
Passos que ajudam no controlo do episódio:
- Racionalizar– antes de comer seja o que for, PENSE! Reflita na situação em concreto,descrevendo-a por palavras, contando a outra pessoa. Pense antes de agir;
- Classificar– procure consequências negativas, para aquele comportamento.
- Substituir– determine um comportamento alternativo ao que quer eliminar. Por exemplo: em vez de ir comer bolachas, vai beber um chá. Procure outro alimento saudável que lhe dê prazer.
- Planificar- planear o seu dia alimentar;
- Monitorizar– faça um diário alimentar;
- Desvalorizar– procure não se focar demasiado no assunto, só aumentará a possibilidade de continuar. Em vez disso tome atitudes que o faça sentir bem e competente.
O contato com um nutricionista também é importante para que a pessoa não possua deficiência nutricional e possa controlar seus impulsos alimentares e aprender a comer sem medo de engordar.
A nível de intervenção psicológica podemos por iniciar por ajudar o paciente em compreender o processo da fome, identificação da causa, perguntar sempre a si mesmo nestes episódios “Porque é que quero comer?”, articular com o nutricionista pedindo um diário alimentar para o próprio ter uma maior consciência do que come, incentivar a prática de exercício físico, regulação de um sono saudável, prática de exercícios de relaxamento, yoga, meditação.
Sensibilizar o paciente para um estilo de vida, Slow Food, isto é comer de forma consciente, apreciar realmente a comida. É importante entender o conceito optando por uma melhor escolha nos alimentos nutritivos para o nosso corpo.
Aprender a ouvir o nosso corpo, parar de comer quando se está cheio, usar técnicas como contar a mastigação, pausar os talheres, perceber o sabor dos alimentos.
No fundo, o importante neste processo é ressignificar a visão que a pessoa tem da alimentação, ajudando a compreender que podemos ter uma boa relação com a comida, desfrutando sem culpa.
gostei do artigo, está explicado o porquê de vez em quando me dar tanta fome…